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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

FERNANDO CARNEIRO FEZ UM ANO


À medida que se aproximava o fim do primeiro ano de Fernando Carneiro imaginávamos que haveria festa rija entre camaradas, amigos e apoiantes. Mas pensávamos que a festa decorreria sem grande alarido. Enganámo-nos porque o nosso presidente, imaginativo como é, surpreendeu-nos mais uma vez. E já vimos que não vale a pena fazer previsões com ele porque saem sempre furadas.

Pois o senhor Fernando Carneiro, querendo fazer eco do que fez e como fez durante o ano como presidente da Câmara, tratou de convidar televisões, rádios, jornais e pasquins para fazer o balanço (ou o balancete?) dos 365 dias. Até aqui tudo bem, com o senão de não terem comparecido as televisões, as rádios de cariz nacional. E de tantos e tantos jornais parece que apareceu um, o que não deixou de ser frustrante para quem fizera um programa tão grande para a festa.

Mas o senhor Fernando Carneiro, convencido das suas capacidades oratórias, com discurso fluente e rico de vocabulário só ao alcance de grandes escritores em prosa e em poesia, convidou os amigos, os apoiantes, os camaradas, os presidentes das juntas e outra gente para terem o privilégio de assistirem á sua actuação no palco do Centro de Cultura. Sim, da cultura, porque é um homem que bafeja e transpira cultura.

Com tantos convites a tanta gente esperava-se casa cheia e que nem coubessem lá todos os convidados, o que seria mal feito se não houvesse lugar para todos porque, quando se convida alguém ,o lugar deve estar garantido.

Mas como tínhamos receio de enorme adesão, fomos cedo porque queríamos ficar sentados dado que a idade não perdoa e temos problemas de reumatismo. Não aguentávamos ficar em pé durante o discurso, obrigatoriamente longo a que se acrescentariam muitas perguntas de tantos jornalistas aguardados, mas que, pelo que soubemos, uns foram para Lamego e outros para Viseu por falta de placas a indicarem o local do espectáculo. Com tantas coisas há sempre coisas que escapam, o que foi uma pena e os jornalistas não sabem o que perderam.

Para nosso espanto, a maior parte das cadeiras ficaram vazias. Fomos para aí uns vinte heróis a assistirem á actuação do senhor Fernando Carneiro que meteu música ,daquela de embalar, que até ficámos ensonados. Mas como não podia faltar também meteu água como já se previa e nós, já com esse receio de nos molharmos ,escolhemos cadeiras daquelas lá de cima porque assim tínhamos tempo de fugir se víssemos a água a subir como vimos.

O discurso que nos foi servido pelo artista foi uma salada russa. Esperava-se por balanço de um ano, mas falou-nos do passado em que disse que fez muito e tudo bem feito, falou-nos do presente e até já fez o balanço do futuro, misturando água, casca de banana para escorregarmos e intenções que adivinha num país e num concelho onde não há falta de dinheiro, mas apenas tempo de o gastar. Ficámos tão contentes que não conseguimos conter as lágrimas com tamanha emoção. E não admira porque até as pedras da calçada ficaram em sobressalto. Vejam como não terá sido o espectáculo. Aquilo, só visto, não há palavras!!!

O senhor Fernando, a dado passo, garantiu que com ele não há trabalhos a mais. Nada mais certo porque isso já todos nós tínhamos visto ao longo do ano. Toda a gente reconhece que o que houve foi trabalhos a menos. Mas como já sabíamos isso, o senhor Fernando podia ter-nos poupado ao sacrifício e deixar-nos descansados sem nos convidar. Tinhamos merendado bem em casa, a tempo e horas. Mas á primeira quem quer cai e á segunda cai quem quer. Nós não queremos cair mais. O que o senhor Fernando não disse é que meteu pessoal por cunhas, está a gastar dinheiro com gente que nada faz e que até reorganizou os serviços onde conta com espiões do “ diz-se,diz-se”, formado com funcionários que vergavam a mola e agora estão de costa todo o dia, andando na vila, nos cafés a ouvirem para contarem. Ao que isto chegou! Parece que o chefe da Brigada é um ex-cobrador das águas. Entendem?

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O ENXOVAL DO BÉBÉ


A Câmara Municipal resolveu dar 500 euros a cada família por cada criança que nasça. Dizem que é um incentivo á natalidade.
Nós que também fazemos parte dos tontinhos, decidimos ter mais um filho para recebermos os 500 euros. E sabemos que outros, pelo mesmo motivo, também estão a pensar o mesmo. Com esta decisão, a Câmara conseguirá parar a emigração, repovoar as aldeias, encher de gente casas abandonadas e promover a construção de casas novas.

Quando tudo estava tão bem encaminhado, uns para regressarem á terra e outros para não saírem de cá, a Câmara decidiu aumentar, como nunca visto, os preços dos serviços e dos licenciamentos camarários. Aumentou tudo desde a simples fotocópia á licença para a construção de uma casa para habitação.

Dando uma no cravo e outra na ferradura, o senhor Presidente da Câmara, com estes aumentos, anulou o efeito da dádiva dos 500 euros destinados ao “enxoval do bebé”. Com o dinheiro conseguido com o aumento de tudo, a Câmara, além do enxoval do bebé, podia oferecer as meias, as botas, os sapatos, as cuecas, as calças, as saias, os vestidos, as blusas, as camisas, as camisolas e os casacos para a vida inteira das crianças que vão nascendo.

Com o “enxoval do bebé” e os aumentos dos preços de tudo, o senhor Presidente da Câmara fez um bom negócio porque dá (pouco) com uma mão, recebe (muito) com a outra , sem que as pessoas se apercebam que o custo de vida aumentou. Se uma dessas famílias quiser construir a sua habitação paga três vezes mais do que pagava há poucos meses. Lá ficam os 500 euros!

Se não aumentasse os preços como fez, a Câmara não estaria a incentivar mais a natalidade e a fixação das pessoas do que dando os tais 500 euros? As pessoas ficavam a lucrar.

E já agora deixamos uma pergunta. Alguém decide ter um filho para receber 500 euros? Isto é algum incentivo á natalidade e à fixação das pessoas?

Se o senhor Presidente quer incentivar a natalidade e a fixação das pessoas, promova condições para a captação de empresas que criem postos de trabalho. Se o conseguir temos de o felicitar porque é assim que se fixam novos casais e se incentiva, naturalmente, a natalidade. Os 500 euros para este efeito não valem nada. Servem para uma sessão de “folclore” , de distribuição de simpatia em que o senhor Presidente aparece como Pai Natal a dar uma prendinha. Fica-lhe bem, só que não incentiva a natalidade, mas isso talvez seja o que, de facto, menos interessa ao senhor Presidente. É mais uma festinha na hora de dar o cheque.

Também não fica bem dar os 500 euros a quem devia ter vergonha de os receber. É este o rigor que o senhor Fernando Carneiro nos prometeu?